Todas as noites,
No meu refúgio,
No meu canto,
No meu descontentamento,
Relembro-me, da futilidade com que correu o dia,
Que mais um dia passou,
Sem deixar rasto,
Como o fumo do cigarro que se desvanece.
Já enfastiado,
Aspiro sem vontade,
Com a mesma lassidão com que consinto que deslizem as horas.
De repente estremece-me a ideia!
De que os dias não são intermináveis,
Podem esgotar-se a qualquer momento,
Como às vezes descubro, a altas horas da madrugada,
Que já não tenho tabaco,
Que me esqueci de comprá-lo,
Que fumei mais que o habitual,
Que vou sofrer insónias.
Todas as noites,
Ao passar a ronda,
Que marca meu viver de bicho,
Todas, todas as noites
Quando apago a luz,
E o brutal cansaço mental me adormece,
Já meio de olhos fechados,
Com a mente aberta,
Reparo amorosamente,
Cruelmente toda a minha vida.
Não, não toda,
Só aqueles momentos que me trouxeram ao pesar,
À reclusão.
Agora
Sobre a rala e monótona planície de minha existência,
Se erguem os espaços.
E o que primeiro ocupa, insistentemente,
A minha mente,
É a lembrança das festas que fazia,
A música que movimentava centenas,
A brio da luz filtrada no Kapital, onde laborava.
quarta-feira, 14 de outubro de 2009
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário